Aldeia Velha - Sonia Regina

A luz intensa às quinze horas não é incomum. Tampouco o é o canto dos pássaros, vindo das árvores. O calor amenizado sim, e não creio que se deva somente à proximidade do rio e à brisa. Há um quê mágico que nos circunda e harmoniza.
O tempo passa com a calma necessária para que possamos viver cada instante. Não é fruto da imaginação a extensão maior do dia, e isso não é novidade fora da cidade grande. O novo é estar sentada em uma varanda à beira do rio impregnada por seu rumor e, sem levantar-me, poder contemplar a serra coberta pela mata atlântica.
Estou na pousada que leva esse nome: Pousada Beira-Rio, em Aldeia Velha. Aqui o rio canta com disposição e dormir ouvindo-o tão de perto é experiência pouco vulgar.
Venho angariando pequenas e raras alegrias nestes dias fora de casa.



Sonia Regina
28.01.2011

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diário de bordo III - sonia regina




























afundou no horizonte o meu sussurro
e desconheço mares onde se espalhem cais

no meu rosto comum nenhuma expressão de sanidade
deixa de se divertir com a escassez de sonhos,
pássaros imprevistos para um navegador solitário

trêmulo avanço pela noite, pirata das madrugadas em vão



sonia regina
21012011






foto de Antônio Ferreira


imagem daqui

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diário de bordo - sonia regina

















falta-me um silêncio interno. passos vagarosos
sobre escadas de madeira que rangem,
meus escritos carentes de palavras sem cautela

paira sempre a ameaça de uma reviravolta impiedosa

o texto avesso a surpresas
opta por um ambiente sem delícias

e o que escrevo, finalmente, nada mais é que um diário de bordo.


sonia regina
20012011

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crimson, a cor do reboliço - sonia regina



Quando meus olhos escrevem dos desafios
que trouxeram vitórias e fracassos ao meu corpo
percebo a felicidade como uma recompensa
não marcada no relógio.

Carreguei a palidez sobre artérias ferventes
e não me creditei coragens por isso.
Sem qualquer covardia olhei o vento soprar
em várias direções e não me desintegrei.
Meu corpo, entretanto, transitou sem alma
através de mares fictícios e reais.
Com sangue pintei piratas inventando paisagens
de um vermelho profundo.

Cismar à-toa é um gosto antigo, sentir o jeito do mar também.
Reboliça o meu desejo de mover-me sem previsibilidade.


sonia regina
06012011
Imagem: Kenvin Pinardy






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